A dimensão da NBA


     O início de mais uma temporada regular da NBA, a liga profissional do basquete americano, não é apenas um acontecimento aguardado com ansiedade pelos admiradores de enterradas, tocos e cestas impossíveis. Trata-se, acima de tudo, de um exemplo incontestável de como é possível fazer dinheiro com o universo esportivo. 

    Em termos financeiros, nenhuma liga cresceu tanto nos últimos anos quanto a NBA. Nem o aclamado futebol americano, nem a Champions League, o campeonato que reúne times como Barcelona e Real Madrid, e muito menos o beisebol, que chegou a ocupar o topo da preferência dos americanos.

    Uma década depois, o número chegou a US$ 8,01 bilhões – mais do que o dobro, portanto. Para efeito de comparação, o montante equivale ao faturamento anual no Brasil de uma gigante de telecomunicações como a Claro.

    Na média, cada uma das 30 equipes da NBA vale US$ 1,9 bilhão, ou três vezes o número de cinco anos atrás. O time mais valioso é o New York Knicks, cotado a US$ 4 bilhões – o mesmo que uma empresa do porte da companhia aérea Azul, na bolsa brasileira.

    O sucesso financeiro da NBA não foi por acaso. Ele se deve principalmente à adoção de estratégias empresariais na gestão do esporte. “Antes de qualquer outro campeonato, a NBA percebeu que precisava transformar seus astros em produtos, e divulgá-los em agressivas campanhas de marketing, exatamente como as grandes empresas fazem”, diz o consultor especializado em marcas Eduardo Tancinsky. “Os executivos da NBA descobriram, antes de todo mundo, que o esporte pode ser um grande negócio.”

    Criada em 1946, a NBA foi a primeira a criar um jogo com os principais astros do campeonato em um fim de semana repleto de eventos – ocasiões em que a audiência de TV dispara, as vendas de produtos licenciados aumentam e os melhores atletas medem forças entre si.

    A liga também percebeu a importância de forjar superastros internacionais. Os principais jogadores sempre foram vistos como produtos de marketing, capazes de angariar fãs em todos os continentes. Michael Jordan, o principal atleta dos anos 1990, chegou a participar de quatro filmes para o cinema, o que acabou sendo fundamental para que ele se tornasse um astro planetário.

   Os astros atuais também são trabalhados como grandes produtos de marketing. LeBron James, do Los Angeles Lakers, herdeiro da linhagem talentosa de Michael Jordan, virou o principal garoto-propaganda da Nike. Os comerciais com produção caprichada são exibidos no mundo inteiro, ampliando, assim, a cadeia de fãs da NBA. A mesma lógica vale para os também talentosos Stephen Curry, do Golden State Warriors, e James Harden, do Houston Rockets, que brilham na NBA atual.

   O processo de internacionalização, a exemplo do que fazem corporações multinacionais, ajudou no crescimento do negócio. Na atual temporada, as partidas da NBA serão exibidas para mais de 50 países, um recorde. Para aumentar a audiência, adota-se uma estratégia inteligente: atrair estrangeiros para o campeonato.

  O Brasil vem criando um mercado importante para a NBA. A liga tem cinco lojas físicas no país – quatro no estado de São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Além disso, os americanos investiram em novo formato de negócios, ainda pouco explorado em outras regiões: o de lojas itinerantes.


Por Zammy Lee Souza

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